A lista abaixo foi feita para aqueles que entendem a força que move alguém a atravessar a cidade numa noite chuvosa só para comer aquele bolinho de carne com tempero indecifrável. Ou aquela moela cujo molho deve ser honrado até o último farelo de pão.
No cardápio dos botecos mais tradicionais de Curitiba há sempre um petisco exclusivo com história ligada a do estabelecimento ou simplesmente um clássico da baixa gastronomia que a equipe prepara melhor do que ninguém. Comidas que representam seus botecos como os carros abre-alas das escolas de samba e que podemos chamar de “petiscos assinatura”.
Confira a lista de dez iguarias que são, respectivamente, o orgulho de seus bares e a alegria de seus clientes:
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Bolinho de Carne – O Torto Bar
Se o balcão de bebidas d’O Torto é um dos mais vastos da cidade, na estufa dos comes quem manda é o bolinho de carne.
Feitos e fritos a mão por Arlindo Ventura, o Magrão, a partir de uma receita (secreta) que está há duas gerações em sua família, os bolinhos de carne (R$ 4,50) são a marca do bar.
Magrão nunca vende menos do que 100 unidades por dia. Às vezes, passa de 200. Os bolinhos tem tamanho ideal (entre duas e seis bocadas) para serem comidos de pé no balcão ou na calçada.
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Porção de Torresmos – Bar do Toninho
Um dos clássicos absolutos da boêmia curitibana. “Quem nunca viu, vem ver “, como diz o samba. A porção de 700 gramas de torresmos de uma polegada, perfeitamente fritos e pururucados, com limão rosa, atrai famosos e anônimos ao Bar do Toninho.
Custa R$ 30 e serve para qualquer ocasião.
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Bucho à milanesa – Bar do Edmundo
O petisco mais icônico do cardápio conta a história do Bar do Edmundo. Nos anos 1960, quando o bar surgiu na Avenida Erasto Gaertner, a via do bairro Bacacheri era rota de saída de viajantes em direção a São Paulo e uma casa vizinha abrigava um frigorífico que atraía de donos de açougues menores.
A maioria deles parava no bar para um café ou um traçado depois dos negócios. “Foi um deles que nos ensinou a receita de buchinho à milanesa”, conta José Edmundo Stromberg, filho dos proprietários, hoje responsável pelo bar.
Incorporada ao cardápio, a iguaria se tornou um sucesso imediato. “Lembro quem em 1968 tinha 12 anos e via pequenas multidões em frente ao bar para disputar uma porção de buchinho. Pratos prontos eram passados de mão em mão, sobre as cabeças, para alcançar aos que estavam mais longe na calçada e atender a todos”, lembra José. Hoje em dia, o Bar do Edmundo vende em média 450 quilos de bucho por mês.
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Carne de Onça – Bar Baran
A carne de onça do BarBaran já ganhou tantos prêmios de melhor da cidade que já está na hora de virar hours concour.
Desde que o bar abriu suas portas no formato atual, dentro da elegante sede da Sociedade Ucraniana, o mais curitibano dos petiscos é feito da mesma e cuidadosa maneira.
Uma porção (R$ 15) é generosa, feita com 200 gramas de patinho moído três vezes, molho de pimenta suave e aceto balsâmico. Como acompanhamento, fatias de broa preta úmida, raiz forte (krin) caseira, cebolinha, cebola branca, mostarda escura e azeite. Não precisa dizer mais nada.
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Rissole de carne – Bar do Dante
Quem prepara o rissole no Bar do Dante há 12 anos é Dona Maria Raimunda. Há dois sabores, carne (R$ 5) e camarão (R$ 9), fritos na hora após serem polvilhado numa mistura de farinhas de trigo e rosca. “Não use ovo porque senão vai encharcar”, recomenda a cozinheira que já ensinou o passo a passo de sua receita mais famosa aqui.
Além do jeito certo de fazer e servir petiscos, o Bar do Dante tem aquilo que todo bar de esquina queria ter: alma de boteco. No Bar do Dante as pessoas riem, conversam, riem, falam alto, discutem, bebem e comem. E rissole de carne, diga-se, é imbatível.
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Sanduíche Marchand – Bar Mignon
Outro clássico maior da cidade. Quem nunca provou não conhece Curitiba. A criação do sanduíche assinatura do Bar Mignon tem sua própria lenda que era contado pelo escritor Manoel Carlos Karam e merece seguir em circulação.
Consta que um dia após uma vitória do Coritiba, um conhecido diretor coxa-branca foi comemorar no bar mais tradicional do calçadão da rua XV.
Indeciso entre o cachorro quente e o pernil, resolveu juntar o melhor dos dois mundos criando assim o famoso Marchand: 150 g de pernil de porco, queijo, salsicha, cebolinha verde picada e vina dentro de um pão d’água.
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Sanduíche de Mortadela – Maia Box
Toda cidade que se preza tem uma banda de rock e um sanduíche de mortadela de estimação. Em Curitiba, temos a Relespública e o sanduíche de mortadela do Maia Box, no Mercado Municipal.
Ideal para manhãs frias, o sanduíche chamado de “Curitiba” tem 150 gramas de mortadela quente ou fria (quente é melhor), com manteiga de salsinha, coalhada fresca que chega à mesa escoltada por frascos de mel, granola e açúcar mascavo, servidos à vontade pelo cliente.
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Moela ao Molho – Maneko’s Bar
As centenas de outros bares de respeito em Curitiba que me perdoem, mas o Maneko's está no topo da cadeia alimentar. Para almoçar, petiscar, conversar de pé ou no bar não tem concorrência para o clássico bar da Alameda Cabral (ainda em luto e com batias a meio pau após a morte de Passarinho, garçom-símbolo da casa).
Da pequena cozinha do Maneko's saem maravilhas para o sempre lotado salão. O fluxo que se inicia pela manhã vai até a noite. Não há nada que o Maneko’s se proponha a oferecer que não mereça ser provado.
Entre as muitas opções, porém, destaco a inigualável Moela ao Molho que por sinal, anda sumida dos cardápios dos botequins e pés-sujos curitibanos.
A porção é maiúscula e o molho tem sabores de preparos ancestrais. Perfeita com vinho, cerveja ou aguardente. Só cuidado para não manchar a camisa...
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Empada de Palmito com Camarão – Bar do Pudim
Mais um daqueles casos em que podia se escolher de olho fechado e sem medo de errar, algo do cardápio para destacar. Entre quitutes como o bolinho de siri, o pastel de provolone, o croquete de camarão e o pão com bolinho que já virou letra de punk rock, contudo, nada representa o bar tão bem quando a empadinha de palmito com camarão.
Sabores da serra e do mar que se amalgamam e desmancham na boca pedindo uma cerveja gelada. A iguaria, é claro, precisa ser servida pelo carismático Miltinho, que há mais de 35 anos faz as honras da casa.
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Pão com Bife – Dom Rodrigo
Antes da "arenização" dos estádios de futebol, a refeição ideal das arquibancadas era o pão com bife em suculentas porções. A tradição resiste nos estádios da Suburbana do nosso futebol amador e em alguns bares como o Dom Rodrigo, pequeno boteco no bairro do São Braz aberto desde 2001.
Famoso desde sempre na região de Santa Felicidade e redondezas, atraiu os holofotes em maio deste ano quando foi eleito melhor boteco pelo concurso Comida di Buteco e a medalha de bronze na etapa nacional da mesma competição.
O sanduíche vem num pão francês com 300 gramas de carne em tiras trabalhadas na chapa pelo próprio “dom” Rodrigo Domingues. Bom como um gol nos acréscimos.
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