A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Paraná (Abrasel-PR) e o Instituto Lixo e Cidadania (ILIX) assinaram nesta terça-feira (26) uma parceria com o objetivo de dar destinação adequada ao óleo de cozinha usado e proporcionar maior autonomia e renda para os catadores e catadoras de materiais recicláveis de Curitiba. O convênio oficializa a inclusão da Abrasel-PR na campanha “Óleo não se mistura”, coordenada pela agência Social Ideias e financiada pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e Fundação Banco do Brasil.
A construção de uma usina de produção de biodiesel a partir do óleo coletado, gerida diretamente pelos trabalhadores, é o cerne do projeto. “O que a gente pretende com esse movimento é dar uma dimensão social para o óleo usado. Muitas vezes, os atravessadores compram os resíduos dos catadores a um preço irrisório e revendem o litro do óleo usado a R$ 14 ou R$ 15”, explica Maurício Ramos, da Social Ideias e um dos fundadores do Plural. “Com a construção da usina, os catadores e catadoras poderão comercializar diretamente os produtos advindos do óleo, o que é muito mais rentável para quem efetivamente vive da reciclagem.”
Segundo Jilcy Rink, presidente da Abrasel no Paraná, a parceria vem ao encontro de uma das principais preocupações da associação, a inclusão social e o tratamento do meio ambiente. “Estamos muito focados nessa linha. A ideia da usina me parece fundamental para que a inclusão aconteça de maneira correta e as pessoas sejam realmente valorizadas. A Abrasel vai ser uma grande parceira porque a gente tem muito insumo pra esse tipo de demanda. São mais de 10 mil empresas em Curitiba e mais de 50 mil no Paraná. É muita gente, é muito óleo.”
Para Luciano Bartolomeu, diretor executivo da Abrasel, o convênio dá visibilidade à questão do lixo, especialmente do óleo de cozinha usado. “O óleo é um grande contaminador das nossas águas. Essa cooperação é importante para que a gente possa levar consciência e responsabilidade ambiental ao setor.”
Reciclagem
Das mais de 7 toneladas de óleo produzidas no Brasil, apenas 1% é reciclado. O óleo descartado incorretamente polui rios, lagos e o lençol freático, obstrui tubulações e causa acidentes, gerando um gasto a mais para as operadoras de saneamento.
O ILIX pretende, até o final do primeiro ano, coletar e transformar em matéria-prima 60 mil litros de óleo usado por mês. O biodiesel é apenas um dos produtos feitos a partir do resíduo. “Não se perde nada. Uma parte vai pra ração, outra pra fazer sabão”, explica Rejane Paredes, coordenadora executiva do Instituto. “Além de todo o bem ambiental, a reciclagem gera uma renda significativa pros catadores. A parceria com os restaurantes vai dar um impacto grande.”
Gabriela Carvalho, proprietária do Quintana Gastronomia e associada da Abrasel, parabeniza a iniciativa. “Nós, que somos uma instituição forte no setor de alimentação, não podemos deixar de lado a importância de trabalhar os 3 processos de cozinha: o meio – produzir pratos, sabores e experiências; o antes, de onde vem o alimento; e sem dúvida o que vem depois, a terceira etapa, o destino daquilo que a gente gerou.”
Informações: https://www.plural.jor.br/parceria-pretende-reciclar-90-mil-litros-de-oleo-usado-em-um-ano/