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Especialista decifra sabores que se destacam com base em dados que analisam o comportamento do consumidor

Decupagem por Flávia Madureira

A diretora de Insights de Marketing da Kerry explica o que são os Taste Charts e porque são tão importantes para bares e restaurantes. Foto: Divulgação

Compreender as movimentações do mercado pode fazer com que empreendedores de bares e restaurantes tomem decisões mais assertivas. Uma movimentação de forte impacto para o setor é a de tendências relacionadas aos sabores favoritos dos clientes.

Para além dos sabores "da moda", existem alternativas que são atrativas e consolidadas como recorrentes no gosto do público. Uma ferramenta que indica quais são essas opções e em categoria se enquadram, são os Taste Charts, um conjunto de tabelas completas e baseadas em dados compilados pela Kerry, multinacional especializada em gosto e nutrição.

A diretora de Marketing Insights da empresa, Soumya Nair, concedeu uma entrevista à B&R em que falou sobre esses indicadores altamente estratégicos para negócios de alimentação.

Confira abaixo a entrevista realizada por Danilo Viegas e entenda mais sobre o potencial dos Taste Charts.

B&R: Vamos falar sobre o futuro e qual é o sabor para 2025. O que você pode nos dizer sobre os consumidores e como restaurantes podem deixá-los mais felizes?

Soumya Nair: Hoje na Abrasel falamos sobre justiça. Como fazemos inovações acontecerem, como criamos novos sabores.

Temos um programa chamado Taste Charts, que todos podem acessar, como uma caixa de ferramentas. Já fazemos há 12 anos, e em 2025 ele será um adolescente de 13 anos. A cada ano, listamos 65 sabores por categoria.

Se você está no ramo de cafeterias, por exemplo, temos um chart de bebidas com 65 sabores específicos. Você pode conferir os que estão crescendo, os que já são populares como avelãs, chocolates e mochas, e também damos previsões, como um radar para o futuro dos sabores emergentes. Por exemplo, temos s’mores (uma combinação de marshmallow, biscoito e chocolate) e pistache.

O pistache está em alta no Brasil agora.

Sim, e nós prevemos isso em 2021, durante a pandemia. Vimos pistache crescer nas tabelas do México e chegar ao Brasil, se tornando uma forte tendência e prometendo ser o novo grande sabor dos próximos anos. Ele vai estar nos Charts de 2025? Vocês vão ter que aguardar para descobrir.

Nós também rastreamos os sabores que estão em queda. E por que os Taste Charts são importantes? Porque eles são ferramentas para criação e inovação. Você pode criar o novo sabor de café latte, de refrigerante ou de cheesecake. Não importa se é uma comida ou bebida, temos Taste Charts específicos para te ajudar.

E como vocês descobrem essas tendências?

A metodologia é muito interessante e é registrada por nós. Ela é baseada em dados. Usamos informações de pontos de venda, como quantas garrafas de Coca-Cola foram vendidas e em qual sabor, ou quais chips. Nós rastreamos não apenas os alimentos nos mercados, mas também o sabor de itens dos menus de restaurantes.

O que está acontecendo no mercado de restaurantes, quais produtos têm aparecido, o que os food trucks estão fazendo, o que os grandes restaurantes de fine dining estão fazendo quando se trata de sabores. Nós usamos esses dados.

Temos mais de 80 chefs e mixologistas no que chamamos de “Chef Council”. É um time que lida com o preparo comida diariamente. A partir dele identificamos tendências e pegamos ideias e opiniões que também alimentam os Taste Charts.

Nós usamos IA e processamento de linguagem natural e com um toque de mágica temos os Taste Charts.

Ainda falando sobre sabores, o mundo com a Covid-19. Quais são os desafios atuais?

A indústria de restaurantes, no mundo todo, está vivendo um momento de tráfego reduzido de pessoas, são menos clientes frequentando os estabelecimentos.

Quando consumidores têm um orçamento limitado, eles veem a inflação atuar. O preço do café, do chocolate e dos insumos chega em um pico e isso afeta o consumidor.

Recentemente, um dono de restaurante falou que o custo dos pratos do menu teve o aumento de 40% para o consumidor. Eles veem isso. E quando saem de casa, pensam e calculam mais.

Nós, como indústria, temos que ser relevantes para o consumidor. Acho que o maior desafio é equilibrar inovação e preços acessíveis, e ainda fazer com que o cliente não compre o produto apenas uma vez para tirar foto ou postar no Tiktok. Isso é só uma venda.

Precisamos garantir compras recorrentes e que os clientes voltem. O item do menu, a propaganda e a experiência proporcionada precisam fazer com que eles retornem para mais. E esse é o maior desafio.

Você precisa se manter autêntico para o consumidor.

Sim, você precisa entregar valor para o consumidor. E valor não é mais só preço, vamos falar a verdade, senão teríamos muitos produtos de um dólar pelo mundo, e não é o caso.

As pessoas estão comprando e isso é promissor, mas acho que esse equilíbrio de preços acessíveis não é só sobre dinheiro, é sobre o que você está oferecendo para elas. Inovação, experiência, aventura. Eles vêm pelo sabor e ficam pela experiência.

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